Entre o silenciamento e a resistência

representações da ditadura militar na obra K.: relato de uma busca, de Bernardo Kucinski

Resumo

Este artigo propõe uma análise crítica da obra K.: relato de uma busca, de Bernardo Kucinski, com o objetivo de investigar as representações da ditadura militar brasileira a partir das formas de silenciamento e resistência retratadas na narrativa. A pesquisa adota uma abordagem qualitativa de caráter analítico-interpretativo, fundamentada na análise textual da obra e no diálogo com produções historiográficas e documentais, como Schwarcz e Starling (2015) e o Relatório da Comissão Nacional da Verdade (Brasil, 2014), estabelecendo conexões entre literatura e história. A análise evidencia três formas principais de silenciamento retratadas na narrativa: o desaparecimento forçado, a censura e a negligência institucional, e três formas de resistência: a persistência na busca, as redes de apoio e o ativismo político clandestino. Conclui-se que, por articular elementos ficcionais e experiências históricas reais, a obra, caracterizada como literatura de testemunho, contribui para a elaboração de uma memória coletiva, reafirmando o papel da literatura como espaço de reinscrição de experiências traumáticas e silenciadas, ao expor os impactos da repressão sobre sujeitos individuais e coletivos.