A reconstrução intelectual do naturalismo brasileiro
uma virada teórica na segunda metade do Século XX
Palavras-chave:
Naturalismo brasileiro, Crítica literária, História das ideias, Formação nacionalResumo
Este artigo analisa a inflexão interpretativa ocorrida na crítica literária brasileira a partir da década de 1950, quando o naturalismo deixou de ser lido unicamente como imitação servil das estéticas europeias – leitura que havia predominado entre os anos de 1880 e 1950, configurando o que denomino “paradigma da imitação”. Ao investigar esse processo de reconfiguração, o artigo identifica a incorporação progressiva de perspectivas histórico-sociológicas, especialmente influenciadas pelo desenvolvimento das Ciências Sociais no Brasil. Entre outros, destacam-se as contribuições de Werneck Sodré, Brito Broca, Afrânio Coutinho, Antonio Candido e Flora Süssekind, que propuseram abordagens capazes de reconhecer singularidades na assimilação e expressão do romance naturalista brasileiro. A hipótese sustentada é a de que essa virada teórica, embora não tenha abolido por completo o paradigma anterior, introduziu novas possibilidades de leitura que permanecem influentes na crítica contemporânea, abrindo caminhos para se pensar o naturalismo como expressão mais complexa do que simples “cópia destituída de agência”.