Morty pode morrer

liberdade radical, morte programada e subjetividade algorítmica na animação Rick and Morty como ficção especulativa

Autores

Palavras-chave:

ficção especulativa, necropolítica, Tecnopolítica, neoliberalismo radical

Resumo

E se Rick Sanchez fosse real? E se sua liberdade absoluta, sua indiferença à dor e sua recusa ao vínculo não fossem exageros narrativos, mas manifestações extremas de uma subjetividade já em operação? Este artigo adota a ficção especulativa como metodologia filosófica (Uckelman, 2024) para analisar a série Rick and Morty como alegoria crítica do neoliberalismo radicalizado. A hipótese central é que Rick não representa um indivíduo disfuncional, mas o efeito sistêmico de um regime ontopolítico que dissolve o comum em nome da autonomia total. Organizado em quatro blocos interligados, o artigo parte da liberdade como eixo estruturante e analisa seus desdobramentos: a erosão do vínculo social, a necropolítica cotidiana como gestão dos descartáveis, a tecnogestão da experiência por algoritmos e, por fim, a comédia como anestesia do colapso. Em vez de sátira, a série oferece um espelho especulativo — um experimento filosófico que nos obriga a confrontar as implicações de uma liberdade desvinculada do reconhecimento do outro. Não se busca aqui uma leitura moralizante ou uma crítica sociológica convencional, mas uma intervenção conceitual: Rick and Morty não projeta uma distopia — ele reconfigura o presente. Se Rick permanece, é porque sua lógica já nos habita. E talvez a pergunta mais perturbadora não seja “e se Rick fosse real?”, mas “e se já fôssemos Rick?”.

Biografia do Autor

Edson André Pereira Hilário, Diretoria de Educação em Saúde da Prefeitura de Belo Horizonte

Mestre em promoção de saúde e prevenção da violência pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Coordenador da Unidade de externos do Instituto Raul Soares (IRS). Coordenador de Pós graduação (Residência) na Diretoria de educação em saúde da Prefeitura de Belo Horionte.

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Publicado

2025-12-17

Como Citar

André Pereira Hilário, E. (2025). Morty pode morrer: liberdade radical, morte programada e subjetividade algorítmica na animação Rick and Morty como ficção especulativa. ANTARES: Letras E Humanidades, 17(39). Recuperado de https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/antares/article/view/13937