Pompal, uma sombra de Salazar
Palavras-chave:
Mito, Pombal, SalazarResumo
Este artigo discute os modos pelos quais o marquês de Pombal foi representado nos primeiros anos do Estado Novo português, identificando as instâncias, autores e obras que deram lastro a tais representações, sobretudo no contexto da inauguração do monumento em sua homenagem, em 1934. Para tanto, fazemos uso de alguns pressupostos teóricos relacionados aos mitos e representações (Eliade, 2000; Barthes, 2007; Chartier, 2002), bem como de certa historiografia referente ao período (Franco, 2009; Eliade, 2010; Martins, 2017; Braga, 2021; Fernandes, 2023). Nossa conclusão é a de que a mitologia medievalista encampada pelos historiadores que deram suporte ao regime, na ânsia de associá-la à ideia de um Portugal profundo, era incompatível com o europeísmo iluminista almejado, ao menos discursivamente, pela política pombalina, motivo pelo qual a figura de Pombal, apesar de ter sido aceita a partir de finais da década de 40, juntando-o ao seu panteão de heróis nacionais, não se associou, simbolicamente, à ditadura de Salazar.