Há espaço para o corpo feminino na polícia?

entre os ditos e não ditos

Autores

  • Geórgia de Castro M. Ferreira Polícia Militar da Bahia (PMBA)
  • Palmira Virginia Bahia Heine Alvarez Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Palavras-chave:

Mulheres. Discurso. Memória. Formação Discursiva.

Resumo

Neste trabalho, sustentado teoricamente na análise de discurso de vertente pecheutiana (AD), pretende-se analisar como o discurso maternalista foi utilizado na construção do policiamento feminino no Brasil, nos anos de 1950. A construção desse tipo de policiamento, se assim podemos chamá-lo, primou pelo distanciamento das características consideradas viris e masculinas, bem como aos demais aspectos que pudessem romper com os pré-construídos sobre o corpo da mulher. Vimos que homens e mulheres, os intelectuais de vanguarda à época, atuantes na Medicina, no Direito e na área criminológica, produziram artigos, aqui compreendidos como materialidades discursivas, com uma exposição de motivos para a criação de uma Polícia Feminina em nosso país. Dentre eles, selecionamos, como corpo, trechos dos discursos de Esther Figueiredo Ferraz, Hilda Macedo e Maria de Lourdes Pedroso, publicados na revista Militia, entre os anos de 1953-1955, em defesa desse tipo de policiamento. As sequências discursivas materializam dizeres e formulações sexistas próprias do funcionamento da ideologia patriarcal que marcam as condições de produção daquele período histórico, ao passo que simbolizam a mulher naquele espaço, ao apresentarem justificativas à sua entrada numa corporação historicamente masculina.

Biografia do Autor

Geórgia de Castro M. Ferreira, Polícia Militar da Bahia (PMBA)

Doutora em Estudos Linguísticos pela Universidade Estadual de Feira de Santana (2023). Possui Mestrado em Estudos de Linguagem pela Universidade do Estado da Bahia (2019).Especialista em Psicologia e Ação Social pela Faculdades Mosteiro de São Bento. Especialista em Política e Estratégia pela Associação dos Diplomados da Escola Superior de Guerra. Graduada em Pedagogia pela Universidade do Estado da Bahia e Administração de Empresas pela Faculdade Visconde de Cairu.
Desenvolve trabalhos relacionados a Análise de Discurso, Militarismo, Gênero, Movimentos Diásporicos, Cultura e Música.

Palmira Virginia Bahia Heine Alvarez, Universidade Federal da Bahia (UFBA) e Universidade Estadual de Feira de Santana (UEFS)

Pós-doutorado em Estudos da Linguagem pela Universidade do Estado da Bahia (2019), doutorado em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (2009) e mestrado em Letras e Linguística pela Universidade Federal da Bahia (2007). Graduação em História pela Universidade Católica de Salvador (2000), graduação em Ciências Sociais pela Universidade Federal da Bahia (2001), graduação em Letras Vernáculas pela Universidade Salgado de Oliveira (2005). É professora titular da Universidade Estadual de Feira de Santana, atuando também no Programa de Pós-graduação em Estudos Linguísticos da UFBA e Programa de Pós-graduação em Desenho, Cultura e Interatividade- UEFS. Pesquisadora de Análise de discurso atuando principalmente na linha pecheutiana, com foco nas seguintes temáticas: corpo-sentido, subjetividades, representações discursivas de gênero, mídia, imagem, discurso publicitário e constituição discursiva de identidades. É coordenadora do Grupo de Estudos e Pesquisa em Análise de Discurso (GEPEAD).

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Publicado

2024-12-17

Como Citar

de Castro M. Ferreira, G., & Alvarez, P. V. B. H. (2024). Há espaço para o corpo feminino na polícia? entre os ditos e não ditos . ANTARES: Letras E Humanidades, 16(37). Recuperado de https://sou.ucs.br/etc/revistas/index.php/antares/article/view/13142

Edição

Seção

DISCURSOS EM ANÁLISE: DIMENSÕES E PERSPECTIVAS