Há espaço para o corpo feminino na polícia?
entre os ditos e não ditos
Palavras-chave:
Mulheres. Discurso. Memória. Formação Discursiva.Resumo
Neste trabalho, sustentado teoricamente na análise de discurso de vertente pecheutiana (AD), pretende-se analisar como o discurso maternalista foi utilizado na construção do policiamento feminino no Brasil, nos anos de 1950. A construção desse tipo de policiamento, se assim podemos chamá-lo, primou pelo distanciamento das características consideradas viris e masculinas, bem como aos demais aspectos que pudessem romper com os pré-construídos sobre o corpo da mulher. Vimos que homens e mulheres, os intelectuais de vanguarda à época, atuantes na Medicina, no Direito e na área criminológica, produziram artigos, aqui compreendidos como materialidades discursivas, com uma exposição de motivos para a criação de uma Polícia Feminina em nosso país. Dentre eles, selecionamos, como corpo, trechos dos discursos de Esther Figueiredo Ferraz, Hilda Macedo e Maria de Lourdes Pedroso, publicados na revista Militia, entre os anos de 1953-1955, em defesa desse tipo de policiamento. As sequências discursivas materializam dizeres e formulações sexistas próprias do funcionamento da ideologia patriarcal que marcam as condições de produção daquele período histórico, ao passo que simbolizam a mulher naquele espaço, ao apresentarem justificativas à sua entrada numa corporação historicamente masculina.