Associativismo, sociedades musicais e atuação de músicos negros no cenário brasileiro da segunda metade do século XIX e início do XX

Resumo

Este artigo propõe reflexões sobre associativismo negro no contexto das sociedades musicais da segunda metade do século XIX e início do XX. Para tanto, em um primeiro momento, destacamos a presença de músicos negros, livres, letrados e atuantes no cenário musical brasileiro, como nos ambientes das óperas, dos teatros de revista e, sobretudo, das corporações e sociedades musicais, foco deste trabalho. Discutimos as experiências desses músicos que registraram, no campo das bandas de música, suas histórias, memórias e lutas políticas. Em seguida, propomos reflexões sobre a atuação da “Sociedade Euterpe Ceciliana” (Cachoeira-BA). A partir de um levantamento de fontes jornalísticas e manuscritos de seu maestro-fundador, foi possível reconstituir a trajetória dessa associação fundada, majoritariamente, por negros que se dedicaram a lutas e mobilizações por direitos. A música e, especialmente, a banda da Sociedade Euterpe Ceciliana, ofereceu caminhos para muitos músicos alcançarem visibilidade a partir de seus projetos e desenvolverem diversas estratégias de reivindicação pelo fim da escravidão, integração à sociedade e ação às discriminações raciais experimentadas.