Classe, etnicidade e gênero no Brasil: a negociação de identidade dos trabalhadoresna Greve de 1906, em Porto Alegre
Palavras-chave:
greve, classe, etnicidade, gêneroResumo
Este artigo examina um momento da formação da classe trabalhadora no Brasil para mostrar como os trabalhadores redesenharam múltiplas identidades em resposta às transformações estruturais entrelaçadas, desde a produção artesanal até a produção industrial, das comunidades étnicas homogêneas até as heterogêneas, e da mão-de-obra masculina para a mão-de-obra feminina, que estava em crescimento. As lideranças anarquistas contestaram o mito do artesão feliz e mesclaram a exploração dos artesãos e trabalhadores de fábricas para avançar na conscientização das classes. As ligações étnicas, que inicialmente incentivaram a organização, começaram a ser um empecilho na solidariedade entre as classes, agora pressionadas por novos conflitos ideológicos e facilitaram uma resistência efetiva por parte dos empresários. Quando os apelos à etnicidade se tornaram problemáticos, apareceram os apelos ao gênero: as mulheres trabalhadoras se fizeram ouvir e ver e desempenharam um papel importante na evolução do movimento. Porém, as formas como elas eram vistas e ouvidas nas ruas, contrastavam com suas representações nos discursos da elite, que procuravam usá-las para estimular divisões na classe trabalhadora que estava surgindo.