A farda e o feminicídio: gestos de interpretação sobre o caso Rafaella - entre o amor e o ódio
Palavras-chave:
Discurso. Mulher. Policial. Militar. Formação Discursiva.Resumo
Neste artigo, buscamos compreender a discursivização, na mídia, do assassinato da policial militar feminina Rafaella. Para tanto, detemo-nos na análise de discursividades que nascem a partir desse crime, na qual uma mulher é morta pelo seu ex-marido, porque põe em questão a relação entre a farda e o feminícidio. Nosso foco são as práticas discursivas que colocam em movimento a discriminação e intolerância ao outro em função da profissão desempenhada pela vítima e suas escolhas políticas. Trata-se de um discurso que revela efeitos de sentidos contraditórios. Numa leitura ancorada na análise de discurso (AD) filiada a Michel Pêcheux, observamos o discurso de ódio que emerge das reportagens analisadas e que indica certo processo de rejeição e destituição da policial feminina, processo que traz um efeito cascata. São discursividades que revelam o preconceito a profissão, o ódio àqueles que se filiam as ideias defendidas pelo atual presidente e que, por fim, silenciam e até justificam o homicídio qualificado pelo feminicídio, crime comum que tem como base as ideias de posse da mulher, provenientes do patriarcado.