N’A hora da estrela nasce a flor de mulungu: Clarice Lispector e Conceição Evaristo
Palavras-chave:
palimpsesto, reescrita, suplemento, Clarice Lispector, Conceição Evaristo.Resumo
Este artigo examina a maneira por meio da qual o conto “Macabéa, Flor de mulungu”, de Conceição Evaristo (2012), reescreve e reatualiza a novela A hora da estrela, de Clarice Lispector (1977). Para tanto, apresentamos uma leitura comparatista das referidas narrativas, a fim de ler o conto de 2012 como uma reescrita e suplemento cultural da novela de 1977. Nosso objetivo é analisar a narrativa de Evaristo enquanto uma criação paralela que suplementa a última obra publicada por Lispector em vida. Elencaremos semelhanças e diferenças entre as protagonistas da década de 1970 e de 2012, observando como se dá o relançamento da emblemática e fraca heroína de Clarice no conto de Conceição, que recria a miserável e virgem jovem alagoana, fazendo-a (re)nascer em flor de mulungu trinta e cinco anos após a ascensão da estrela. O aporte teórico deste estudo centra-se nos postulados da literatura comparada, ampliados pelas noções de “palimpsesto”, “reescrita” e “suplemento”, tais como desenvolvidas por Gerárd Genette (2010), Antoine Compagnon (1996) e Jacques Derrida (2006).