Perversidade, fábula e utopia em "Cidade de Deus", de Paulo Lins
Palavras-chave:
Cidade de Deus, distopia, utopiaResumo
A principal personagem do romance Cidade de Deus (2007), de Paulo Lins, é a própria favela ou, na definição do autor, a "neofavela". A obra é um verdadeiro exemplo de "revanche", tendo sido escrita por um negro, oriundo da própria favela, que se apropriou de técnicas do centro (técnicas sociológicas e etnográficas) para narrar a periferia a partir dela própria. Contudo, considerando a tripartição de Milton Santos sobre a globalização - dividindo a realidade em perversidade (como ela é), fábula (como nos fazem vê-la) e utopia (como ela pode ser) -, surge a questão: será possível encontrar no romance de Paulo Lins componentes que se sintonizem com esses três pontos de vista, ou que cumpram a função de realizá-los? O presente artigo se propõe a discutir essas questões.