Integração entre espaços mentais e emergência do fantástico em “Continuidade dos parques”, de Julio Cortázar
Palavras-chave:
semântica da simulação, frames, integração conceptual, metáfora conceptualResumo
Neste artigo, pretendemos analisar os processos cognitivos subjacentes à construção de sentido em textos literários de temática fantástica, especialmente como e em que medida os frames são ativados e integrados no conto “Continuidade dos Parques”, do autor argentino-francês Júlio Cortázar. Nosso estudo observa como esses frames orientam a construção do sentido por intermédio de indexadores linguísticos selecionados pelo autor, que são projetados metaforicamente na constituição das cenas e mapeamentos conceptuais resultantes. Para tal, a investigação adota as categorias conceptuais extraídas da Linguística Cognitiva, como a noção de framing de Duque (2015); que tem como foco a integração entre organismo e ambiente físico-social-cultural, numa abordagem cognitiva ecológica (Duque, 2017). No aporte teórico, utilizamos os princípios teóricos da Teoria dos Espaços Mentais, de Fauconnier (1997), os modelos situacionais (Zwaan; Radvansky, 1998), a simulação (Barsalou, 1999) e a Teoria da Integração Conceptual, de Fauconnier e Turner (2002). Diante disso, a construção do sentido, no conto, é garantida por domínios repletos de mesclagem de cenários, objetos de cena, personagens e por mapeamentos metafóricos entre frames lexicais e descritores de eventos, que, ativados pelo discurso literário, são configurados em diferentes níveis, em função das perspectivas assumidas pelo narrador, personagem e leitor.