Mulheres negras e sua agência político-afetiva
trançar o cuidado e a amizade em imagens e histórias escreviventes
Palavras-chave:
mulheres negras; cuidado; imagem; amizade; escrevivência.Resumo
Neste artigo, elaboramos uma análise da capa do livro Devir Quilomba, de Mariléa de Almeida, entrelaçando-a aos relatos escreviventes de mulheres quilombolas que integram sua pesquisa e que questionam o racismo e o sexismo, fortalecendo uma maneira de produzirem, juntas, uma autonomia fundada na experiência e na interdependência. A reflexão acerca da imagem e de sua conexão com as narrativas de mulheres negras busca destacar como a amizade e a produção de espaços de afeto podem transformar práticas de cuidados consigo e com os outros como técnicas de sobrevivência e enfrentamento ao racismo, à confiscação e à violência. A ética do cuidado que sustenta as relações no quilombo oferece condições de escuta, partilha e autodefinição, amparando um trabalho paciente de tessitura e retessitura constante de uma sabedoria que consiste em fabricar arranjos, articulações e alianças para alterar condições de vulnerabilidade e abrir devires emancipatórios.